A liderança nas organizações e as eleições políticas
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Toda a polarização política no Brasil pode ter consequências negativas nas empresas, do Recrutamento e Seleção às lideranças. Mesmo que seja um desejo evitar-se falar de política, não é o que acontece, e manifestar-se a favor de um ou outro candidato pode exacerbar preconceitos para a execução de tarefas, resultados, competência e espírito de equipe dos colaboradores. Num período de efervescência política, alguns podem manifestar-se de modo militante, incomodando os de pensamentos contrários, o que pode influenciar bastante no clima da organização. “Se você não apoia o meu candidato, você não é um bom profissional, sua visão de mundo não é a real.” A tendência política para a esquerda ou para a direita pode definir a percepção de trabalho, benefícios, direitos, deveres e liderança, entre outros aspectos. A percepção de justiça não é a mesma para os dois lados e a empresa pode acabar sendo palco de uma disputa que fará todos saírem perdendo, inclusive a imagem da organização.
“Fica proibida qualquer manifestação partidária dentro da empresa” seria um dos comunicados em toda a empresa, mas é quase impossível controlar isso. Dois operadores podem comentar sobre seus candidatos preferidos e gerar intriga entre si e com os demais. Isso pode acontecer na pausa do almoço ou do jantar. Riscos há. E a empresa deve ser muito cuidadosa para administrar esse clima combativo para que não se transforme num combate também profissional.
Isso pode começar no Recrutamento e Seleção. Os selecionadores podem não ser muito favoráveis à candidatura de um profissional porque, depois de visitarem suas redes sociais, perceberem que a preferência política não é a sua e o recrutado pode ser eliminado no começo do processo. E muitas vezes pode-se perder excelentes profissionais para o mercado.
Também as lideranças podem ser bastante indisponíveis para colaboradores que são partidários opostos, tendendo a conclusões precipitadas e impactando o ritmo e a produtividade da equipe. Isso é humano. Não espere uma postura “neutra” por serem profissionais e não militantes numa passeata nas ruas. Isso pode acontecer em qualquer nível hierárquico.
Há quem defenda a necessidade de se mapear a visão de trabalho, de justiça e de liderança de ambos os lados. Não para discriminar, mas para entender as tendências de comportamento daquelas pessoas. Os dois lados apresentam vantagens e desvantagens. Se conseguirem fazer isso sem preconceito e sem que vire uma caça às bruxas, pode ser interessante. Seria uma boa leitura de cenário. Vamos ser realistas. é praticamente impossível numa empresa todos apoiarem uma mesma bandeira, a menos que a seleção seja totalmente tendenciosa.
É uma equação delicada. Cabe ao RH tentar aparar as arestas para que o clima seja favorável, construtivo, produtivo e agradável. Mas ele mesmo não pode ser tendencioso, se não de nada vai adiantar todo o esforço.