Assertividade
assertividade
Tem se falado muito em Assertividade nos últimos anos, mas ainda confunde-se bastante seu significado. Muitas pessoas utilizam esse termo como se significasse “acerto”, um tiro “certeiro” (e dizem: “esse foi um tiro assertivo”, “um curso bastante assertivo”). O dicionário Aurélio traz as seguintes definições: “afirmação, asseveração, alegação, argumento”. O dicionário Houaiss mostra: “qualidade ou condição do que é assertivo”. Assertivo = “que faz uma asserção, afirmativo, declarativo, afirmação que é feita com muita segurança, em cujo teor o falante acredita profundamente.” O termo é uma tradução da palavra em inglês “assertiveness” e tanto em português como em inglês significam a mesma coisa: asserção, afirmação.
Mas o que é realmente a assertividade nas relações humanas? Muitos acham que estão sendo assertivos por simplesmente falarem o que lhes passa pela cabeça, confundindo com “sinceridade”. E esta sinceridade pode ser bastante agressiva, desrespeitosa, ou seja, não é assertiva. Por outro lado, outros podem se omitir e não colocar seus pontos de vista sobre um determinado fato ou comportamento com receio de serem agressivos. Isto também não é ser assertivo, mas omisso.
Conceição Trucom, palestrante e escritora, define assertividade como “falar e agir com sinceridade, sem inibição, temor ou agressividade. É ser claro e afirmativo, sem deixar dúvidas sobre o que pensamos e sentimos, porém, sem agredir ou provocar incômodo demasiado na outra pessoa. Assim, assertividade é a arte de defender nosso espaço vital, nosso mundinho particular, sem recuar e sem agredir.”
A assertividade envolve o comportamento e a estrutura emocional da pessoa, uma vez que ela busca seu objetivo, mas sem desrespeitar o espaço de outra. A postura assertiva é uma competência, pois se mantém exatamente entre dois extremos indesejáveis, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão ou passividade). Com a postura assertiva, é possível desenvolver relações maduras e produtivas em qualquer contexto, como profissional, familiar, na escola dos filhos, reuniões sociais, nas relações comerciais, etc.
Então podemos considerar que a assertividade é a maneira de comunicar-se expressando ideias e/ou sentimentos, de forma respeitosa e adequada, sem invadir o espaço alheio. No entanto, esta forma “respeitosa e adequada” dependerá da relação já estabelecida entre as duas pessoas envolvidas nesta comunicação. Se forem amigas íntimas, é bastante provável que se expressem de maneira bastante descontraída, lúdica, o que poderá parecer agressivo e desrespeitoso aos olhos de outros, mas não para elas. Então, a assertividade não envolve apenas a forma, mas, também, a relação.
A empatia, ou seja, imaginar-se no lugar do outro em uma determinada situação, poderá ser bastante benéfico para sabermos se estamos sendo assertivos ou agressivos. Se eu me imaginar no lugar do outro ouvindo o que estou lhe dizendo e pensar como eu me sentiria ao ouvir, poderei ter uma melhor noção se haveria incômodo nesta situação e se ele seria benéfico (gerando mudança), ou maléfico (gerando resistência e agressividade).
A assertividade também é um meio de influência e persuasão. Segundo Joshua Guilar, da Associação Americana de Administração, uma pessoa é assertiva quando trabalha com as habilidades para estabelecer relações, valorizar a outra pessoa e para defender seus interesses com autoconfiança. Ela é a chave para uma comunicação interpessoal eficaz e pode ser definida como falar em nome de seus direitos, interesses e experiência de uma forma que não interfira nos direitos e interesses dos outros. As pessoas afirmativas são abertas e diretas, defendem seus direitos e interesses sem ansiedade, inclusive quando precisam confrontar uma situação desagradável.
Portanto, os cinco componentes da afirmação são:
- Relações
- Valorização
- Autoconfiança
- Perguntar
- Defender
Ainda segundo Guilar, a assertividade entra em contraste com a passividade e a agressividade. Em uma postura PASSIVA ou DEFENSIVA as pessoas não defendem seus direitos e interesses. Elas aceitam o que as outras dizem. Muitas vezes uma pessoa que não é afirmativa pede permissão para fazer coisas que teria direito de fazer.
O comportamento AGRESSIVO acontece quando uma pessoa age em interesse próprio ferindo o direito dos outros. Algumas pessoas são agressivas em quase todas as situações, enquanto outras são seletivas: podem ser agressivas em algumas situações, mas não em outras. Uma forma de agressividade é a manipulação, onde uma pessoa usa a culpa ou estratégias emocionais para conseguir o que quer.
Se alguém lhe pede para realizar uma tarefa que você não está disposto a fazer, como poderia responder?
- Se você for passivo, pode concordar apenas para evitar a dificuldade de dizer “não”.
- Se você for assertivo, pode dizer: “Agradeço pela confiança, mas realmente não posso fazer isto agora.”
- Se você for agressivo, pode dizer: “Não, mesmo! Vá pedir pra outro!”
Alguns dos benefícios da assertividade são:
- Lidar com os confrontos com mais facilidade e de forma produtiva;
- Gerar liderança em grupos ou organizações;
- Manter os seus próprios direitos e integridade, assim como os dos outros.
- Experimentar maior satisfação no trabalho.
- Sentir-se menos estressado;
- Adquirir maior confiança;
- Agir com mais tato;
- Melhorar imagem e credibilidade;
- Expressar seu desacordo de modo convincente, mas sem prejudicar o relacionamento;
- Resistir às tentativas de manipulação, ameaças, chantagem emocional, bajulação, etc.;
- Sentir-se melhor e fazer com que os outros também se sintam melhor.
Mas existe uma relação custo/benefício entre ser assertivo ou passivo ou ainda agressivo. Imaginemos uma situação em que você é abordado na rua por um assaltante armado. Vale a pena ser assertivo e afirmar que você está muito desconfortável com a abordagem dele? Naturalmente que não. Vale mais a pena ser passivo(a) e entregar os pertences que ele exigir, mantendo a integridade física, pra não dizer a vida. Por outro lado, se um pedinte agarra o seu braço para lhe pedir esmola e isso incomoda, você rapidamente dá-lhe uma bronca para que não faça isso e muito provavelmente não lhe dará esmola nenhuma, por sentir-se invadido(a). Nesse caso, seu comportamento dificilmente seria assertivo, explicando que não gosta que agarrem o seu braço desta maneira porque é desconfortável. Um comportamento mais agressivo, de colocação de limite seria o mais usado pra livrar-se daquela situação. Portanto, algumas vezes não vale a pena ser assertivo, mas passivo ou agressivo.
Porém, há ainda a postura passivo-agressiva. Quando não se está satisfeito(a) com alguma coisa, mas isso não é expressado. Por trás, fala-se do descontentamento e de como isso incomoda, mas nunca à pessoa envolvida ou causadora. Passivo porque a pessoa não se posiciona e agressivo porque fala mal pelas costas. Isso pode acontecer nas relações de conhecidos (mesmo amigos), familiares e nas relações de trabalho. Por vezes um gestor pode ser passivo-agressivo, quando não expressa o descontentamento pela baixa produtividade de um subordinado, por exemplo, mas comenta com seus pares. Já para um subordinado, ele pode não concordar com uma tarefa recebida e não se posiciona, mas posterga, sabota e reclama para os outros da tarefa recebida.