Energização
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Para falarmos em “energização” do patrimônio humano, primeiro precisamos compreender que “energizar é aplicar energia a um corpo”. Mas o que é energia? Aurélio Buarque de Hollanda nos mostra: “Maneira como se exerce uma força”, ou “Propriedade de um sistema que lhe permite realizar trabalho”, ou ainda, “A energia pode ter várias formas, transformáveis umas nas outras, e cada uma capaz de provocar fenômenos bem determinados e característicos nos sistemas físicos”. Em todo caso, quando pensamos nesta palavra geralmente nos passa à mente “força”, “potência“ e alguns exemplos mais corriqueiros, como energia elétrica, energia solar, entre outras. Mas existem outros tipos, como a da gravidade, química, cinética (de movimento), eletromagnética (campos de força, como os ímãs), nuclear e térmica.
Seja qual for o conceito adotado, a energia é a razão da forma e ao mesmo tempo da mudança. Muitos cientistas estudaram e têm estudado as propriedades da energia de maneira bastante diversificada: físicos, químicos, psicólogos, parapsicólogos, e também nas ciências consideradas ocultas ou místicas, além de religiosos ocidentais e principalmente os orientais.
A energia pode manifestar sua presença tanto tornando a matéria possível quanto sendo o agente de suas transformações. Enquanto existente na matéria, a energia pode ser encontrada tanto na substância das partículas subatômicas quanto nas forças que as unem. Isso determina que um objeto tenha características próprias, como uma posição (no tempo e no espaço), um volume (a quantidade de espaço que é ocupado), uma massa (a quantidade de matéria que existe nesse objeto), uma temperatura (a quantidade de calor que existe neste objeto) e um aspecto (características como cor, textura, opacidade, cheiro, etc.).
Existe uma tendência para que um objeto com tais características permaneça assim até o fim dos tempos, ou até que a chegada de uma força externa faça com que uma mudança aconteça. Se quisermos fazer um bolo utilizando farinha, leite, ovos e açúcar e simplesmente deixarmos os ingredientes num recipiente, não teremos nunca o bolo. No entanto, se os misturarmos bem, acontecerá a primeira transformação (torna-se uma massa pastosa, úmida, mole, sem forma). Se colocarmos esta massa num forno quente, o calor se encarregará da segunda transformação, provocando reações entre os componentes, que terão como resultado uma massa seca, fofa, com uma forma específica e, “se a mão for boa”, bem gostosa.
Isaac Newton tornou-se um cientista famoso ao dar continuidade ao trabalho de Galileu e outros, estabelecendo as leis básicas da Mecânica:
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1ª LEI: “Todo objeto permanecerá como está, tanto em repouso quanto em movimento, até que uma força externa o obrigue a mudar”.
A água de uma piscina só terá algum movimento se houver uma ação do vento ou se algo cair sobre ela, formando as ondas em círculos. -
2ª LEI: “A aceleração com que esse objeto vai se deslocar depende da sua massa e da força aplicada”.
Uma mesa arrastada por uma criança será deslocada muito mais lentamente do que se for por um adulto. Ou seja, uma massa pequena empurrada por uma força grande vai mais longe e rápido. -
3ª LEI: “Para cada ação existe uma reação”.
Nada acontece por acaso, e nem isoladamente; a mudança acontece em cadeias interligadas. Uma mudança num corpo gera mudança em outro, e assim sucessivamente.
E para as pessoas, isto também é aplicável? Uma vez que as pessoas são corpos vivos, também compostos e sujeitos às ações de energia (como já vimos anteriormente, a química, a térmica, a espiritual, a gravidade que nos prende à Terra, etc.), também possuem as mesmas características de energia de um outro corpo qualquer.
Quando falamos em energização do patrimônio humano, ou seja, a motivação das equipes de trabalho, nós devemos lembrar que para que estas pessoas, dotadas de energia, comprometam-se com um objetivo a ser alcançado, com um determinado resultado, precisam ser estimuladas, energizadas.
Se pensarmos nas Leis da Mecânica de Newton em relação às pessoas, teremos:
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Todo objeto permanecerá como está, tanto em repouso quanto em movimento, até que uma força externa o obrigue a mudar: As equipes precisam de uma força (energética e não “enérgica”) para que “saiam do lugar”, mudem sua maneira de pensar, de analisar os fatos e de se comportar. O exemplo dado pelos gestores poderá ser uma grande “força” que estimulará os colaboradores a uma nova visão de seu trabalho, chamada de “exemplaridade”, ou “liderança pelo exemplo”. A energia que um gestor irradia será absorvida por sua equipe. O estímulo dado por ele para a mudança terá, como efeito, a mudança da equipe.
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A aceleração com que esse objeto vai se deslocar depende da sua massa e da força aplicada: Esta força deve ser maior que a delas (que as estimule para a transformação, para o novo). Quanto maiores o acompanhamento e a estimulação dados a uma equipe, maior será a transformação dela.
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Para cada ação existe uma reação: Não podemos esquecer o aspecto “sistêmico”, onde uma mudança em um dos componentes de uma equipe gera outras transformações em toda a equipe, assim como de uma equipe para outra.
Apesar da coincidência das leis da física e da mecânica, devemos levar em consideração que as pessoas não mudarão como se muda um canal de televisão, apertando-se o botão de um controle remoto. Cada participante de uma equipe tem uma história diferente, uma maneira de encarar a vida e o trabalho diferente, assim como as suas necessidades, ansiedades, desafios, e dinamismo. Para um trabalho de motivação, deve-se levar também em conta essas diferenças e as várias formas possíveis de se estimular cada membro de um grupo, conforme seus aspectos individuais, da mesma forma que o grupo como um todo.
Se o intuito é motivar as pessoas de uma empresa para a qualidade e tendo-se em conta que, para isso, será necessário provocar uma mudança de conceitos, valores, crenças, enfim, paradigmas, dizemos que devemos potencializar e irradiar a Energia Qualidinâmica. Isto quer dizer levar as pessoas a empenharem-se, a fazerem todo o esforço para atingirem um padrão de qualidade possível de encantar seus clientes internos e externos, levando-se em consideração as características de cada cliente.
Para isso, as equipes de trabalho devem estar cientes do que é qualidade, do que se espera delas e, principalmente, das expectativas reais e previsíveis dos clientes. Através da progressiva estimulação para a mudança de conceitos e valores, pode-se conseguir uma crescente e contínua melhoria de padrões de trabalho, com a participação efetiva de todos os funcionários de uma empresa no sentido de dar soluções para as dificuldades que estão no seu dia a dia, no seu processo específico. A Energia Qualidinâmica precisa ser propagada aos quatro ventos e cantos, impregnando todas as pessoas da organização para tentarem atingir a excelência.
Uma pessoa motivada pode estimular sua equipe. Uma equipe motivada pode estimular seu departamento. Um departamento motivado pode estimular toda uma organização. É o sentido da terceira lei, que fala da reação a uma ação. A partir do momento em que as pessoas sintam-se acompanhadas, produtivas, o seu trabalho reconhecido, tendo responsabilidade sobre suas tarefas, vendo de perto o seu progresso, a tendência é que elas absorvam e usem mais energia para perceber, pensar de forma criativa, comunicar-se melhor e, principalmente, produzir, objetivo primeiro de qualquer empresa.